segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Em 2012...

No calendário dos adultos o ano tem 365 dias. No calendário das crianças, um ano tem 365 histórias, - com começo, meio e fim -. Cada dia na vida de uma criança é importante e determinante na sua formação. Um conflito, uma vitória, uma lágrima, um sorriso... Cada emoção ficará marcada para o resto de sua existência, servindo de base para decisões futuras, atitudes e comportamentos. Nesse processo, o papel dos pais, avós e professores é fundamental para mostrar o norte da razão. Não podemos permitir que nossos pequenos se percam pelo mar da vida. 2011 está se despedindo, mas deixou pegadas nos corações de todos nós. O futuro começa em nossos lares, com as nossas crianças. Em 2012, dediquemos o máximo de tempo disponível a elas. Crianças precisam ser cultivadas como um bonsai, com muito carinho, dedicação e cuidados: aparando as arestas quando necessário... Mas sempre com amor!

sábado, 26 de novembro de 2011

Delete!


Todo mundo sabe que a cada dia inventam um novo aparelho necessário para a nossa sobrevivência. Eu sou daquela época em que televisão colorida era o máximo. Telefone era um luxo. Os jovens de hoje cresceram com a tecnologia e encaram os mais sofisticados softwares com uma naturalidade que acredito nunca terei. O vestibular da UNICAMP desse ano usou termos cibernéticos para a prova de redação: "arquivos nas nuvens", "verbete digital" e comentário em blog. Não adianta procurar no Aurélio porque ele nunca ouviu falar nisso.

Como tudo que é novo e desconhecido, não dominamos todas as características dessas novas relações tecnológicas e humanas. As redes sociais crescem e se multiplicam de forma assustadora. E com elas, a falta de privacidade.
Acompanho jovens pelo Facebook e o já quase aposentado Orkut. Muitas vezes tenho vontade de gritar – quero dizer, digitar em caps lock – DELETE!

Desenvolveram filtros para imagens pornográficas e antivírus, mas não existe ainda um “anti-besteirol”. Vejo comentários de pessoas que literalmente lavam a roupa suja na frente de centenas ou milhares de amigos virtuais. Fotografias que ultrapassam os limites do público e escancaram o privado de cada um.

Já sabemos que ladrões gostam de sites de imobiliárias para escolher casas, redes sociais para escolher quem sequestrar, descobrir o nível econômico e lugares que a vítima frequenta. Meninos avaliam meninas na vitrine virtual através de fotos que contam muito mais que os aspectos físicos. Meninas avaliam meninos como se escolhessem um novo sapato. Tenho amigos que encontraram o amor eterno em sites de namoro, comprovando que existe, sim, um lado bom.

O problema é que crianças e jovens nem sempre têm condições de avaliar o risco dos relacionamentos virtuais, colocando em perigo sua integridade física e moral, no pessoal e profissional.

Se fosse bem usada, a internet seria uma ferramenta educacional que ajudaria a humanidade a evoluir cem anos em cinco, divulgando informações úteis, criando networks com pessoas interessantes ou fortalecendo elos entre amigos. Eu lamento saber que muitos – principalmente jovens - são visitados por futuros empregadores, que depois de conhecer o lado menos formal do candidato, o eliminam sumariamente. Currículo é coisa do passado. Hoje precisamos de cursos para aprender vender nosso trabalho através de sites, blogs e redes sociais.

Uma dica útil é lembrar que nesse caso o passado é mutável. Ninguém precisa deixar um histórico virtual com comentários impensados ou fotos deselegantes. Também não caia em tentação de criar um personagem. Seja você mesmo, apenas uma versão “zip”: compactada! Deixe para abrir todos os seus arquivos apenas com os realmente íntimos. DELETE!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Instintos atávicos


Durante algum tempo, todos os dias, eu recebia a visita de um bando de macaquinhos, que vinham pela hora do almoço, comer bananas e maçãs.

Eles vêm lá da Anhanguera todas as manhãs,  chegando ao condomínio por volta das sete horas. Costumam frequentar uma praça, depois alguma casa, e estão sempre trocando de “restaurante”. No final do dia retornam por onde vieram e desaparecem como malabaristas, equilibrando-se pelos fios elétricos sem segurar um guarda-chuva.

Semana passada, alguns retornaram. Os adultos, sempre mais atrevidos, logo desceram e vieram pegar as frutas das mãos da minha filha, enquanto os jovens, adolescentes típicos, ficavam um pouco distante, frisando a sua recém-adquirida independência. Observando os saguis que chegaram voando de uma árvore à outra, mesmo sem asas, percebemos que um estava doente, com o pelo todo levantado e caroços pelas costas. Quando desceu para comer, vimos que eram dois minúsculos filhotes, agarrados às costas da mãe como se dois carrapatos fossem. A alegria da minha filha foi contagiante! “Dois bebezinhos, dois bebezinhos!”, gritava ela. Imaginei como seria eu caminhar o dia todo com dois bebês agarrados às minhas costas. Subir e descer escadas. Entrar e sair do carro. E lá estava ela, a orgulhosa mãe, saltando de uma árvore à outra, enfrentando desafios, procurando outros lugares para se alimentar sem tanta competição. Pensei no amor de mãe (e pai).  O que somos capazes de fazer por nossas crias. Viramos malabaristas,  voamos sem asas, enfrentamos perigosos seres e os defendemos até do Minotauro. Coroando esse santo amor, vem a total desnecessidade de reconhecimento. O importante é vê-los feliz. Por eles, vendemos bens, mudamos de casa, cedemos a sonhada viagem, trocaríamos a saúde, se possível fosse. Não queremos ser venerados por nada, é nossa a necessidade de fazer o máximo que pudermos. Se retribuírem um milésimo do nosso afeto, já nos sentiremos rainhas (ou reis).

É a natureza, a essência da vida, o que dá sentido à nossa existência. E a macaquinha sabe disso. Desagregou-se do grupo, provavelmente para evitar o ataque de algum macho indelicado ou de uma fêmea enciumada. Desbravadora, seguiu os instintos atávicos. Enquanto se dedica às novas vidas, não se esqueceu, mesmo a distância, dos jovens filhotes, ainda se certifica que estão bem e alimentados. Exatamente como nós, quase humanos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Ave Maria



O meu sonho sempre foi ser freira. Chamar-me Maria. Mas nasci com asas, sem ser anjo. Posso me aproximar de Deus de outra forma. Consigo subir até Sua casa.

Antes de a noite acordar pela manhã, as irmãs libertam a respiração do convento pelas janelas: “Tum-tum”, “Tum-tum”, escuto o coração do convento pulsando em reza. Ah, se não fosse ave, seria freira! Como é encantador ouvir os passos delas flutuando pelo piso frio do convento, como se voassem, sem abrir as asas. Logo começam as xícaras a tocar piano e eu sinto o aroma de café.

O convento é um grande ninho onde moram anjos em forma humana. Gosto de sobrevoar os telhados e sentir o calor que irradia pelas suas janelas. O próprio sol visita as suas dependências e depois se esparrama pelos seus pátios e frestas. Fico tão emocionada, que arrulho de encantamento.

Às vezes, sinto saudade do cheiro verde das matas e voo até lá. Como é extasiante sentir odores tão diferentes! A maresia, que salga as narinas. O café quente do convento. Os perfumes de banho dos humanos que andam de um lado para outro, como formigas trabalhadeiras. Sou mesmo uma ave privilegiada, testemunho a história desse povo todos os dias. De um lado, as doces beatas; do outro, o salgado mar de botas molhadas. O vento traz  folhas da mata, que acariciam os rostos dos homens. O chafariz respinga lágrimas de felicidade desse solo abençoado.

Outro dia, muitas nuvens se aproximaram do convento. Extasiada, deitei-me sobre o telhado e permiti que as águas doces me banhassem de todas as minhas decepções. Eu aceitei quem eu era. Como havia pessoas humanas e animais, havia eu, ave. Tantos similares e tantos diferentes, convivendo com árvores e mares, chuvas e risadas. Únicos e realizados. Filhos da natureza. Pais de nossos sonhos.

Eu sempre quis ser freira. Mas nasci ave. Acho que a vida foi muito generosa comigo. Não sou uma pomba qualquer. Sou uma ave brasileira, alegre como uma cigana, viajando entre o mar, a mata e a cidade, em um tapete mágico movido a vento. Sou uma ave maravilhada. Sou uma ave dessa terra santa.

domingo, 13 de novembro de 2011

iAfter ou A revolução na comunicação intermundos - por Zé Zuca

Se há alguém que pode revolucionar esta comunicação, este alguém é Steve Jobs

Não conheço ninguém que tenha se comunicado de forma moderna e eficiente depois de partir para outra dimensão.  Todas as possibilidades estão no campo da religião e não são aceitas como fato comprovável. No caso mais conhecido de  comunicação do outro lado para cá, ou daqui para lá,  é necessário utilizar o corpo de outro. Embora eu acredite, convenhamos, é uma manifestação algo deselegante e meio assustadora.

Mas esta incomunicabilidade pode estar prestes a acabar. Se há alguém que pode revolucionar o paradigma desta comunicação este alguém é (ou era) Steve Jobs. Já pensou? O mundo tem quatrilhões de anos e, em todo esse tempo, não surgiu qualquer ferramenta que permita a comunicação com nossos queridos que passaram para o outro lado ou deles com a gente. Já pensou se o Steve criar uma?

Poderia ser uma espécie de communicator device after death. Claro que ele sintetizaria, chamando,  possivelmente,  de iAfter. Um aparelho sofisticado, fino, bonito e amigável que permitiria o contato entre os daqui e os que foram para além da morte e vice-versa. Venderia muito mais do que a Aplle vendeu os iPhone, iPod e iPad juntos. É incalculável o número de pessoas que vivem lá e aqui (só aqui, 7 bilhões) que se beneficiariam deste tipo de comunicação. Imagina só: Você está ansiosa em sua casa, sentindo uma falta danada daquele seu melhor amigo que se foi. De repente o aparelhinho toca, enchendo o ar de esperança e alegria. É ele. O papo rola descontraído com uma qualidade de som impressionante, como se o amigo ou amiga estivesse aqui no Rio de Janeiro. De certa forma estaria mesmo. Com uma super webcam lá e cá você poderia ver se seu amigo estaria mais gordo ou mais magro, se entre nuvens, num quarto ou num paraíso.

Jobs, naturalmente, vai necessitar de um tempo para estudar a situação, montar uma equipe multidisciplinar muito criativa e entender as reais necessidades das duas clientelas. Vai precisar também conhecer as disponibilidades do além. De que material seria o iAfter? Que facilidades ofereceria aos comunicadores multidimensionais? Bastaria um toque num ícone ou seria necessário acessar uma espécie de Internet celestial? Vai que ele crie um teletransportador e traga a pessoa ou o espírito ao vivo ou leve alguém por algumas horas pra bater um papinho no além?

Calma aí. Por outro lado, não falta quem aposte que Steve Jobs estaria se surpreendendo por lá, embasbacado com o que encontrou: nenhuma necessidade de maquininhas para se contatar. Comunicação telepática, mente a mente,  em alta velocidade, memória ilimitada. E mais, teletransporte de um lugar para o outro, usando apenas a vontade. Viagens rapidíssimas para qualquer lugar, encontrando, em segundos, quem o pensamento quiser. Jobs estaria constatando que, por lá, todos os aparelhinhos que ele inventou aqui na Terra  são desnecessários. É só pensar e chegar.  

Espera aí. Mesmo que no outro mundo a comunicação seja moderníssima, nunca ninguém veio pessoalmente aqui depois de partir, assim como ninguém foi lá, bateu um papinho e voltou. É aí que entra o velho Steve. Depois de um tempo de perplexidade, com sua capacidade criativa perceberá que ainda há espaço para suas invenções. E vai agir rápido. Não vai esperar que uma fatalidade possibilite a concorrência de um Bill Gates. Afinal ele chegou primeiro. Vai querer, certamente, criar algum mega dispositivo para o progresso das comunicações intermundos. Por que não o iAfter? É só uma questão de tempo.

O desafio está lançado. Façam suas apostas. Os universos nunca tiveram uma chance como esta de terem uma revolução nos contatos interdimensionais. É só esperar para receber, em breve, a comunicação do primeiro grande lançamento. Certamente, em cadeia planetária de TV, invadindo todos os computadores,  em uma aparição quadridimensional espetacular entre nuvens no céu: calça jeans, camisa preta de gola rolê, ele, com algo muito desconhecido nas mãos, o próprio Steve Jobs. 

Zé Zuca

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Juegos Florales - Uruguay - 2011


LOCA TRAVESÍA

Venga,
que yo lo espero,
lo espero sin prisa
Venga tranquilamente...
Sepa
que en la falta de prisa
existe una loca urgencia
de matar mi sed
en sus aguas calientes
sentir su sal
mezclada con la mía
navegar en su proa
por mares enloquecidos
enfrentando alturas
y súbitos descensos.
Venga,
Pero venga sin miedo,
sepa
que mi mayor ansia
es caminar por la playa
pies descalzos en la arena
y manos entrelazadas.
Ya conocí el mundo
y descubrí que no importa
la belleza de los mares
si el corazón fuese ciego.
SIMONE PEDERSEN

LOUCA TRAVESSIA

Vem,
que eu o espero,
O espero sem pressa
Venha calmamente...
Saiba
que na falta de pressa
existe uma louca urgencia
de matar minha sede
nas suas águas quentes
sentir o seu sal
misturado ao meu
navegar na sua proa
por mares enlouquecidos
enfrentando alturas
e súbitas descidas.
Vem,
mas venha sem medo,
saiba
que o meu maior anseio
é caminhar pela praia
pés descalços na areia
e mãos entrelaçadas.
Já conheci o mundo
e descobri que não importa
a beleza dos mares
se o coração for cego.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um poema em cada árvore



Lilly Araújo disse...

Que legal,

Também entrei nessa seleção. Legal demais ficar na natureza estampada né?
sexta-feira, dezembro 02, 2011 4:52:00 PM