Poemas minimalistas de Simone PedersenResenha de Hermes Bernardi Jr. il. Mario Silva Editora RHJ, 2012 68 p. - Literatura juvenil Imagens em suspensão Este livro não é gaiola. Apenas um galho macio Com esta construção bem simples, no segundo parágrafo de apresentação do livro Poemas minimalistas, de Simone Alves Pedersen, se inicia um estado de flutuação, como se fôssemos os próprios versos sobre o galho macio. De imediato, assim, já acolhe. Ao longo da obra, Simone propõe jogos em sessenta poemas, brinca com o bruto de alguns verbos e o peso de algumas palavras em contraste com a leveza de outras, permitindo-nos um convite à contradição e o que há de mais humano nela. Os morcegos penduram Estrelas no céu Para iluminar o caminho De volta para casa Nesta arquitetura com selvagem e delicado vai nascendo a poesia, o valor deste livro. Insetos pernósticos e animais não tão familiares passam a encantadores, como pensa-se o leitor a quem o livro se dirige: os jovens, e aqueles que ainda mantêm vivo o frescor desta difícil etapa da vida, quando não sabemos ao certo se nos inclinamos ao doce ou amaro. O louva-a-deus pratica ioga com o gafanhoto até o pôr-do-sol As imagens de Mário Silva, fotografias alteradas quase diluídas sobre o papel, reafirmam a ideia de contrastes, de respiro, tornando leve o que nos pode soar animal e selvagem; tornando leve o que, por vezes, nos faz rechaçar o desconhecido. Esta gangorra de sensações em movimento assinala a suspensão, estado este em que as imagens conversam com as palavras e nos convidam a permitir o reverberar desse diálogo no atravessar de uma rua qualquer, do abrir um guarda-chuva durante a tempestade, e do exaustivo tempo - a que costumamos julgar perdido - no congestionamento caótico das grandes vias. Além deste estado quase hipnótico das palavras e imagens, o projeto gráfico emoldura os elementos dando a ideia de passearmos por uma galeria de bichos, os reais e aqueles que nos habitam imaginários. Imersos na mesma paixão da autora pelos animais, nós, leitores, passaremos a olhar com mais delicadeza certas existências naturalmente poéticas, por vezes consideradas até estranhas ao nosso convívio. |
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Resenha de "Poemas Minimalistas" por Hermes Bernardi Jr. - Trevo de Leituras da AEILIJ
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