quinta-feira, 16 de maio de 2013

SAUDADE


De todos os bichinhos que nos mordem, o da saudade é o mais estranho. Enquanto as feridas dos outros não cicatrizam se não forem tratadas, e inicialmente pequenas aumentam até consumirem a pessoa, a mordida da saudade é imensa no começo e sozinha diminui dia a dia. Muitas vezes, desaparece completamente. Outras vezes, deixa apenas uma sensação de ardor quando o tempo esfria.
O bichinho da saudade é uma praga que se multiplica em aeroportos e rodoviárias. Quem nunca viu um casal apaixonado se despedir aos prantos quando a separação será de apenas poucas semanas ou meses? Mães que choram porque o filho – já adulto – estará ausente por um final de semana prolongado. Talvez a saudade doa tanto por medo da distância eternizar-se. Depois que nos acostumamos com várias idas e vindas, ela não nos morde mais. Sabemos onde ela gosta de morder e nos precavemos.
Talvez a saudade doa tanto por medo de estarmos sós. Quem não preenche seus dias sem a presença das pessoas amadas tem mais dificuldades em lidar com essa dor. Não que possamos viver sem amor. Nada mais agradável do que termos o coração aquecido num abraço apertado ou pelo sorriso de uma criança. A verdade é que algumas pessoas são imunes a esse bichinho. Conseguem racionalizar de forma a criar um invisível escudo.
Eu só conheço um remédio para a saudade: manter-se ocupado. Na correria do dia a dia fica mais fácil evitar pensamentos cíclicos. Por isso quem viaja normalmente sente menos saudades do que quem fica. No destino tem sempre novidades. Quebra de rotina. Quem fica não tem nada de diferente ou novo para preencher os horários que antes eram compartilhados.
Excepcionalmente há mordidas de saudades que nunca diminuem, começam imensas e imensas permanecem pela vida toda. De tão grandes consomem até nossa alma. Saudade de pais e filhos é assim. A única cura é o reencontro. Esse é o amor verdadeiro.

A morte e o adeus



 “My heart has broken into a million
                                                     dying stars on a dark, dark sky.
                                                      Neither comets nor planets shall
                                                      ever candle my night again”.

Naqueles dias em que o passado bate a sua porta e você finge que não ouve, mas ele o espreita pela janela, o que fazer? Partidas sem despedidas deixam um vulto em nossas vidas. Muitas vezes, as pessoas são levadas pela morte na calada da noite. Outras, a doença nos anuncia a chegada e não sei dizer se sofremos menos por diluir em um prazo maior ou se simplesmente morremos um pouco a cada dia de espera.
Outras despedidas são impostas pela vida. Uma amiga saiu do emprego onde trabalhava há sete anos. Não foram poucas as lágrimas. Quantos laços criados em um ambiente de trabalho em que passamos mais tempo do que com a própria família? As promessas de reencontros são muitas. O tempo é implacável e aos poucos o esquecimento se apodera das relações. Talvez um ou dois colegas continuem a se encontrar. Para onde vão os sentimentos e os laços desenvolvidos nesse período? Emoções divididas, fotos de momentos marcantes e palavras de incentivo ou consolo: tudo desaparece de um momento para outro e fica apenas a sensação de nevasca na alma. Um coração que recebe tantas pancadas acaba transfigurado no final da vida. Compreensível as pessoas criarem um escudo em novas relações.
Quem já sofreu com uma despedida, não deseja outras. Conheço pessoas que passaram a vida em uma mesma cidade, desde o nascimento até a morte. O resultado são relações fortes, apoio no infortúnio, popularidade e um sentimento de estar em casa: o conhecido nos conforta! Eu morei em tantas cidades desde a infância, cruzei e convivi com pessoas de diferentes localidades e etnias. Perdi de vista amizades importantes enquanto construía ninhos em novas florestas. Mudei de casas, escolas, cidades, países, cidades em outros países. Espero nunca mais ter que me mudar. Sinto que hoje nascem raízes de meus pés.
Com tantos deslocamentos, tenho amigos em lugares distantes e não é fácil encontrá-los pessoalmente. Algumas amizades perduram até hoje e quando nos encontramos, parece que foi ontem a última vez que nos vimos, mesmo que tenham se passado meses ou anos. Não nos despedimos, apenas dissemos “até breve”. Outras pessoas desapareceram como grãos de areia em uma tempestade de deserto e hoje sequer sei como estão. Contatos perdidos não são lembranças jazidas. De vez em quando me lembro delas e me pergunto por onde andam, como estão de saúde, como foram tratadas pela vida... Sem o ritual do adeus, nunca superamos a dor da perda.
Além dos amigos e familiares, temos as despedidas dos amores. Algumas pessoas são extremamente afortunadas e caminham de mãos dadas desde a juventude até o sono final. Outras nunca sequer provam desse momento de fusão de almas, buscando eternamente por alguém que as ame, algumas vezes se contentando com relações doentias. Outras vezes, encontramos a pessoa perfeita, mas não temos sentimentos por ela – ou ela por nós -, ou temos sentimentos por uma pessoa que não é compatível. Perfeição não existe. Mas dentro da nossa imperfeição é possível encontrar alguém que se encaixe, compensando falhas e nos trazendo equilíbrio, paz e serenidade. Quando duas pessoas fazem mal uma à outra, o único remédio é a despedida. A não ser que haja motivação suficiente para mudar, o que raramente acontece.
Essa despedida é a mais difícil de todas: a que tem que partir de nós. Nesses casos, acenar de longe é permitir que a outra pessoa siga seu caminho e encontre a felicidade em outra ilha. Dizer adeus é dar a Deus quem queríamos que fosse nosso para sempre, para  seu próprio bem.
“Adeus meus sonhos, adeus meus amores! Meus pobres versos, minha doce lira, desta vida insana, só vagas flores, breves ilusões e tristes mentiras”. (Onofre F. do Prado)

terça-feira, 14 de maio de 2013

Retratos




Artista Paulo Branco

O Mundo Literário informa:


Vocabulário inclusivo
http://tudobemserdiferente.wordpress.com/2013/05/13/voce-sabe-quais-palavras-usar-para-falar-sobre-deficiencia/


SisEB
http://aprendersempre.org.br/


Conheça a Biblioteca do Futuro de hoje


A biblioteca James B. Hunt, da Universidade da Carolina do Norte nos Estados Unidos, inovou usando tecnologia. A instituição utiliza robôs que buscam os livros para os leitores, que podem acompanhar o trajeto enquanto aguardam a obra. A tecnologia não é recente, já é muito utilizada em indústrias e em empresas de logística. Mas os americanos foram os primeiros a adaptar a ideia para uso em bibliotecas.
A biblioteca também agrada por sua arquitetura. Recém-inaugurado, o edifício que abriga os livros impressiona o visitante assim que é avistado. O design foi criado pelo escritório norueguês Snøhetta e conta com telões de exibem projeções de vídeos, games e até do Twitter da Biblioteca.
O vídeo abaixo mostra como funciona a biblioteca:

Dualidade

Dentro de mim vivem duas mulheres. 
Uma menina e uma velha.
A velha sonha em ser poeta.
A menina gosta de fazer arte.
A poeta sofre e chora.
A artista procura sempre uma saída.
A que chora vive no mundo do poço.
A que sai encontra sempre novas vidas.
A do poço tem frio e dorme encolhida.
A das vidas não sabe o que é noite ou dia.
Assim vivem minhas mulheres.
Há quem diga que são loucas ou pura fantasia.
Só eu as conheço e sei do que precisam.
Sei que é uma é romântica com todo coração.
Por sorte, a outra é forte e realista.
Não abro mão de nenhuma delas.
Um dia ainda, hão de se tornar uma única Simone.
Nesse encontro, não quero velas nem lágrimas.
Quero uma grande festa de despedida!

terça-feira, 30 de abril de 2013

Palavras de Areia, de André Kondo



Escrever um prefácio ou uma orelha é dividir o nascimento de um livro, como pai que assiste ao parto chorando e sorrindo para a mãe que sozinha carrega todas as dores do nascimento, depois de tanto tempo gestando o livro. Sinto-me honrada e divido com vocês a indicação desse livro. Se não conhece Kondo, o seu mundo é menor do que deveria ser. André Kondo, arigatô! 

"Ler André Kondo é ler toda a humanidade. André possui uma sensibilidade do tamanho do universo. Jovem, decidiu conhecer o mundo. E descobriu todos os mundos que povoam a nossa Terra. Nada passa despercebido ao seu olhar penetrante. E mesmo o mais mundano dos seres, encontra conforto em sua crônica mensagem de paz. Através do humor, descreve suas viagens por diferentes continentes e joga xadrez com as diferentes culturas. Só Kondo faz isso. Ele é Rei e Rainha, Torre e Cavalo, Bispo e Peão. Ele é inteiro. Escritor, filho, marido, ser humano completo. Uma pessoa sana. Um autor imperdível. Leia, ria, reflita e aprenda com esses textos que falam a língua de todos os homens. Viaje pelo Mundo de Kondo".(orelha do livro Palavras de Areia, de André Kondo.)