sexta-feira, 22 de abril de 2011

Paixão fulminante


A Telefonica e eu temos uma velha história de amor. Fomos apresentados há cinco anos, quando retornei ao Brasil. Antes dela, eu era casado com uma companhia americana totalmente eficiente, mantínhamos uma conexão de banda larga de altíssima velocidade e nunca houve nenhuma discussão entre nós.

No caso da nossa querida Telefonica, foi amor à primeira vista. Abracei o plano business do Speedy que me dava segurança de total fidelidade e companheirismo. Não demorou muito para eu perceber que fora enganado. A provedora de internet é bipolar: em um momento funciona, é dócil e fiel, de repente fica nervoso, briga comigo e para de funcionar, desaparecendo sem aviso e deixando meu telefone mudo por dias.

Como é muito vaidosa, ele nunca me procura de volta. Eu tenho que ter a humildade de ligar e pedir para reatarmos. Em represália, ela não atende minhas ligações, deixa-me incontáveis minutos aguardando e depois desliga na minha cara. Passado algum tempo, ela se acalma e marca um encontro em no máximo 48 horas. Muitas vezes demora uma semana para aparecer.

No Carnaval, por exemplo, fiquei sem telefone e internet por três dias.  Disse que fora hospitalizado por causa de uma chuva forte que caiu na estrada. Que bateram em um poste com fios danificados que ficou caído sem socorro. Que suas madeixas se enrolaram aos fios elétricos.  Sei que é mentira, rumores dizem que no carnaval muitos funcionários estavam aproveitando o trio elétrico em Salvador, fantasiados de Batman, com capacete e cinto mil utilidades. 

Depois o telefone voltou descaradamente, ficou na minha casa por dois dias e sumiu novamente sem deixar vestígios. Faz quatro dias que não tenho notícias. Deixei recado, mandei mensagem pelo site, recado pela Anatel e pelo amigo Procon. Quanto mais eu a procuro, mais ela tarda a voltar para mim. Isso não é mais amor, virou uma doentia necessidade minha. Uma obsessão.

No começo, os amigos me avisaram que essa relação seria tumultuada. Impressionados com minha paixão inicial, contaram casos e mais casos. Mas eu não queria enxergar. Dizia que agora seria diferente, ela estava mais madura e havia aprendido com seus erros. E assim eu a presenteava todos os meses com flores verdes chamadas Cifrão, suas favoritas.

Hoje já me conformei com ela não ser nada do que aparenta ser. Ela faz propaganda dizendo que é confiável. Pois sim! Não passa de uma mercenária. Investe em relações que lhe dêem lucro e esquece rapidamente dos relacionamentos com pessoas comuns como eu. Ambiciosa, só quer se encontrar com pessoas importantes e empresários que movimentam grandes quantias de capital.

Assim sendo, tomei uma decisão. Preciso de um novo amor. Não aguento mais ser corno. Procurei uma telefonia móvel que oferece um pacote com 3G, telefone fixo e celular. Eu sempre quis ter uma família grande. O custo é alto, mas pelo menos não vou mais sofrer. Sou homem de uma companheira só e me dói muito ter que trocá-la.

A bem da verdade, eu não a deixei. Ela fez de tudo para que eu a deixasse. É inegável que não tenho valor para ela. Se todos que ela maltrata e faz sofrer tivessem essa atitude, ela aprenderia com a solidão – e falta de flores – que atualmente só perduram as relações éticas, baseadas no respeito e cumplicidade. É a lei da selva. A lei da concorrência. Vencem os melhores, os mais fortes e os mais rápidos. Ela vive no passado, vendo no espelho um rosto que não mais existe, recordando uma fase em que ela tinha poder de sedução inquestionável.

Os tempos mudaram.  O mundo se globalizou. E ela se estagnou. Agora, ou ela se moderniza, ou acabará sozinha. Eu já fiz minha escolha. Não vale a pena insistir em um relacionamento falido como esse. Adeus, minha querida. Que os bons ventos a levem para bem longe de mim.

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