quinta-feira, 29 de março de 2012

Posse na AMLAC


Posse de Simone Alves Pedersen na Academia de Letras da Grande São Paulo 
Data: 29/março/2012

Ilustríssima Acadêmica Senhora Gioconda Labecca, digníssima Presidente da Academia de Letras da Grande São Paulo;
Ilustríssima Sra. Maria Terezinha Dario Fiorotti, Presidente da Fundação Pró-Memória de SCSUL, neste ato representando o Sr. Dr. José Aurícchio Júnior, Prefeito Municipal de São Caetano do Sul;
Ilustríssimo Sr. Dr. Adauto Campanella, representando o Senhor Sidnei Bezerra da Silva, Presidente da Câmara Municipal de São Caetano do Sul;
Ilustríssimo Sr. Norberto Comune, Presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes da região Metropolitana de Campinas;
Dignos escritores da referida academia de letras, Senhores Benevides Garcia e Conrado Amstalden;
Dignas autoridades presentes;
Distintos acadêmicos presentes;
Senhoras e Senhores;

Agradeço a presença dos amigos que vieram de Vinhedo nesta importante noite que marca a história da minha vida com luz e alegria. Por último, agradeço a minha família que aqui se encontra: minha mãe, Ivete, meu irmão Rogério e cunhada Salete, sobrinhos, primas e amigas de infância e de toda uma vida.

Estar aqui hoje tem uma importância indescritível. Foi aqui, exatamente nesta quadra, que estudei e conclui o primeiro grau, nessa escola estadual Bonifácio de Carvalho. Aqui conheci o primeiro teatro, a primeira biblioteca e escrevi minhas primeiras linhas. Eu me lembro como se fosse ontem, da coleção de livros de Monteiro Lobato, com capa dura na cor vermelha, que emprestei da biblioteca municipal, livro após livro, quando tinha nove anos de idade. Naquela época, poucos tinham livros em casa, não existia Internet, e as pesquisas eram feitas em extensas enciclopédias Barsa, quando não retirávamos o material na biblioteca e passávamos a tarde toda montando cartazes e textos sobre o tema, tomando café com leite e comendo bolo quente.

Ontem faz quase quarenta anos. Ainda sinto o cheiro de pão de queijo saído do forno nos intervalos aqui, nessa escola, cada vez que aqui venho, à ALGRASP.

Para mim, este chão é sagrado. Aqui nasceu minha vida.

Mário Quintana diz que: "Não importa que a tenham demolido: a gente continua morando na velha casa em que nasceu". Morei em tantos lugares, mas foi aqui que meu mundo foi desenhado.

A ACADEMIA DE LETRAS DA GRANDE SÃO PAULO nasceu em 1981, quando eu deixava o Bonifácio e iniciava o segundo grau no ALCINA DANTAS FEIJÃO. Ao longo desses 30 anos de existência, tem prestado serviços à sociedade, difundindo a literatura e o gostar de livros. Monteiro Lobato disse que um país não se faz só de homens, mas de homens e livros.

A ALGRASP colabora com nosso país com seriedade e dedicação por parte de seus prestigiados acadêmicos. Sinto-me honrada em participar desta academia e prometo empenhar-me com muita dedicação.

Entre tantas emoções que me abraçam neste momento, receber Vinícius de Moraes como patrono é a que mais me afeta: pela admiração e pela responsabilidade. Todos conhecemos o trabalho do "poetinha" carioca, como era conhecido, com seus sonetos inesquecíveis. Um artista de tamanha sensibilidade, que atravessou mundos com sua poesia, atingindo pessoas em diferentes países, diferentes culturas, origens e idades. Encantou adultos e crianças. Acredito que Vinícius encantou até anjos, com sua poesia ingênua e original.

Ele nasceu em 1913 - teremos seu centenário no ano que vem -, e a partir de 1930 criou obras inesquecíveis para literatura, teatro e música. Quem não se lembra do poema infantil "O pato" - Lá vem o pato, pato aqui, pato acolá... Do soneto que foi musicalizado "Pela luz dos olhos teus" - quando a luz dos olhos teus e a luz dos olhos meus resolvem se encontrar...

Ou ainda do poema "Tristeza não tem fim, felicidade sim..."

O poetinha nos deixou em 1980, mas sua extensa obra é eterna. Seu amor pelas crianças marcou não só sua literatura infantil, mas pode-se observá-lo em poemas como "Rosa de Hiroshima"- Pensem nas crianças, mudas, telepáticas... Pensem nas meninas cegas, inexatas...".

É muito significativo ter um patrono que escrevia também literatura infantil, por ser a área em que mais tenho publicado. Vinicius de Moraes não fazia poesia - ele era poesia e transformava em poesia tudo que olhava, tocava ou criava.

Este discurso será breve porque me foi muito difícil redigi-lo. Não que eu tenha dificuldade em escrever, mas pelo simples fato de saber que vocês estariam aqui comigo hoje, para ouvi-lo. As memórias dançavam em frente à tela de computador, e as únicas palavras que eu realmente sentia necessidade de escrever eram: Obrigada por estarem aqui hoje e por fazerem parte da minha vida.

Finalizo com um poema do nosso querido Vinícius de Moraes:

"Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho
Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...".
Boa noite.

Aproveito para agradecer o ofício de congratulações enviado pelo Sr. Dr. Agostinho Toffoli Tavaloro, Presidente da Academia Campinense de Letras, que me foi entregue em mãos durante a cerimônia, e aos amigos que participaram comigo, fisicamente ou através de telefonemas, emails, mensagens e depoimentos no Facebook. Para não ser injusta, cito um expoente da literatura brasileira, a trovadora Teresinha Brisolla, que telefonou logo cedo do sul do país, para representar todos os queridos.

Fonte: http://www.amlac.com.br/aconteceu03.php

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