sábado, 26 de novembro de 2011

Delete!


Todo mundo sabe que a cada dia inventam um novo aparelho necessário para a nossa sobrevivência. Eu sou daquela época em que televisão colorida era o máximo. Telefone era um luxo. Os jovens de hoje cresceram com a tecnologia e encaram os mais sofisticados softwares com uma naturalidade que acredito nunca terei. O vestibular da UNICAMP desse ano usou termos cibernéticos para a prova de redação: "arquivos nas nuvens", "verbete digital" e comentário em blog. Não adianta procurar no Aurélio porque ele nunca ouviu falar nisso.

Como tudo que é novo e desconhecido, não dominamos todas as características dessas novas relações tecnológicas e humanas. As redes sociais crescem e se multiplicam de forma assustadora. E com elas, a falta de privacidade.
Acompanho jovens pelo Facebook e o já quase aposentado Orkut. Muitas vezes tenho vontade de gritar – quero dizer, digitar em caps lock – DELETE!

Desenvolveram filtros para imagens pornográficas e antivírus, mas não existe ainda um “anti-besteirol”. Vejo comentários de pessoas que literalmente lavam a roupa suja na frente de centenas ou milhares de amigos virtuais. Fotografias que ultrapassam os limites do público e escancaram o privado de cada um.

Já sabemos que ladrões gostam de sites de imobiliárias para escolher casas, redes sociais para escolher quem sequestrar, descobrir o nível econômico e lugares que a vítima frequenta. Meninos avaliam meninas na vitrine virtual através de fotos que contam muito mais que os aspectos físicos. Meninas avaliam meninos como se escolhessem um novo sapato. Tenho amigos que encontraram o amor eterno em sites de namoro, comprovando que existe, sim, um lado bom.

O problema é que crianças e jovens nem sempre têm condições de avaliar o risco dos relacionamentos virtuais, colocando em perigo sua integridade física e moral, no pessoal e profissional.

Se fosse bem usada, a internet seria uma ferramenta educacional que ajudaria a humanidade a evoluir cem anos em cinco, divulgando informações úteis, criando networks com pessoas interessantes ou fortalecendo elos entre amigos. Eu lamento saber que muitos – principalmente jovens - são visitados por futuros empregadores, que depois de conhecer o lado menos formal do candidato, o eliminam sumariamente. Currículo é coisa do passado. Hoje precisamos de cursos para aprender vender nosso trabalho através de sites, blogs e redes sociais.

Uma dica útil é lembrar que nesse caso o passado é mutável. Ninguém precisa deixar um histórico virtual com comentários impensados ou fotos deselegantes. Também não caia em tentação de criar um personagem. Seja você mesmo, apenas uma versão “zip”: compactada! Deixe para abrir todos os seus arquivos apenas com os realmente íntimos. DELETE!

Nenhum comentário:

Postar um comentário