quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Silêncio em 2012


O silêncio é uma conquista. Uma das mais difíceis. Falamos demais. Tudo tem que ser exacerbado hoje em dia. Temos demais. Esperamos demais. Sonhamos demais. Criticamos demais.

Eu sempre fui muito falante, e sempre me arrependi de falar demais. Pudera, quando jovem, queria ser advogada. Fiz Direito porque achava que estaria contribuindo para um mundo melhor. Coisa de jovem, que acha que pode mudar as pessoas. Sempre tinha uma opinião formada. Não havia espaço para adaptações. Nada era flexível. E aí veio a vida e começou a me ensinar que nada é tão matemático assim. Que eu não era infalível, logo não podia falar dos outros. Mesmo assim ainda falo de vez em quando. Depois me arrependo, mas não consigo não ter opiniões. E sempre acho que as minhas são as corretas. Difícil discordar de mim mesma. Depois quando percebo que estava errada, fazer o quê?

Consegui um pouco mais de equilíbrio hoje. A maturidade ensina. A vida ensina. Analisar os fatos somente pelo meu ponto de vista é perigoso. Quem me garante que não existe alguma informação importante que eu desconheça? Também sei que a palavra nunca não existe. É apenas uma metáfora. Nada é eterno. Tudo pode acontecer pela primeira vez, mesmo que não tenha acontecido por centenas de anos. “Ele não bebe”, mas pode começar a beber. “Ele não fuma”, mas pode começar a fumar. “Eu sou justa”, mas posso cometer injustiças. A vida pulsa, acontece, é inevitável. Como os animais nas florestas estão sujeitos ao acaso, nossas vidas também podem sofrer fatalidades ou mudanças bruscas. Quando o leão sai para caçar, ele vai devorar uma das gazelas. Aquela gazela poderá ser eu, um dia. Por que não? O que me faria melhor do que as outras?

Temos o livre-arbítrio, temos fatos predeterminados, mas não temos o controle da vida. Da vida dos outros. Se ao atravessar a rua eu olho dos lados e evito ser atropelada, não significa que não seja assaltada e morta na outra. Nesse caso, um atropelamento teria sido melhor.

Somos todos interligados, nossas vidas são afetadas pelas vidas dos outros, e os outros, como nós, são imprevisíveis.  Cada pessoa vive uma vida única. Passa por problemas únicos. Têm uma grau de ética pessoal. Por isso, eu silencio. Somente cada um conhece a sua vida. Eu mal dou conta de entender a minha. O que eu desejo para 2012? Mais silêncio e menos palavras afiadas. Mais amor e menos crítica. Mais ação e menos falação. Que cada um de nós cuide bem do seu jardim, sem compará-lo com o do vizinho.

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