terça-feira, 3 de maio de 2011

Solidão (mini conto)


O vinho caríssimo escorre pela garganta sedenta preparando-o para a próxima degustação.

Do outro lado do bar, a moça pensa:

“- Com esse me deito, estou morrendo de solidão...”

E ele, regozija em pensamentos carnais: “Hoje me deleito, carne nova, sangue fresco!”

Horas depois, ele a deixa desacordada sob os lençóis lilases do seu quarto rosa. Antes de sair, coloca um objeto de sua antiga penteadeira – uma boneca de porcelana – aninhada em seus braços.

Entra no carro, com o vermelho ainda escorrendo pelo queixo.

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