terça-feira, 10 de maio de 2011

Personagem do bem


Todos nós já passamos por experiências diferentes, engraçadas até, quando viajamos. Nos anos 90, eu costumava ir à França com meu marido que tinha um projeto de secagem de alfafa em uma pequena cidade chamada Nangis, terra por onde andaram os pés de Joanna D’arc, quando da Guerra dos Cem Anos, e fica a aproximadamente uma hora distante de Paris.  Provins, Fontainebleau Palace, Chateau de Motte-Tilly, inúmeras opções em um raio de 50 quilômetros serviam de motivação para acompanhá-lo muitas vezes a essa pequena cidade. Enquanto ele trabalhava, eu passeava ali por perto.

Bons tempos aqueles! Eu torcia sempre por um pouco de fogo na fábrica. Como a alfafa é auto combustível, quando esquentava demais no secador o pequeno incêndio começava e os engenheiros ficavam malucos tentando resolver o problema. Eram apenas inícios de incêndio, havia um protocolo de segurança a seguir e nunca houve nada de grave, felizmente, para eles e para mim! Os franceses precisavam secar o produto para estocá-lo e servir de alimento para os animais no inverno. Enquanto eles analisavam o problema, eu conhecia toda aquela região, sozinha, o que nunca foi problema para mim. Sempre adicionávamos uns dias de férias no final do período, não tínhamos filhos então e tudo era festa.

Durante os dias em que ele trabalhava, eu ia de trem a Paris, e voltava ao entardecer. Ou de carro, percorria cidades medievais, estacionava e caminhava em ruas de pedras, me encantava com flores coloridas nas janelas, visitava museus e castelos, almoçava em um restaurante charmoso com uma boa taça de vinho. À noite jantávamos em cidades próximas, ou na beira do Sena. Eu não falo francês, fiz apenas um ano de curso com os alunos de Letras da USP, só aprendi o básico e, hoje, nem do básico me lembro mais. Isso nunca me impediu de me aventurar por lá, em um país onde poucos falavam inglês há vinte anos.

Uma vez, tive dor de cabeça. Eu não consegui entender o que se passava, começou com dor de ouvido, depois no maxilar e de repente estava morrendo de dor. Problema de canal! Falei na recepção do hotel onde estávamos hospedados e me indicaram o dentista da cidade. No dentista, eu tentei me comunicar com a secretária que não falava nada além de francês, mas viu meu rosto inchado e fez sinal que eu me sentasse ao lado de uma moça morena e aguardasse . Eu perguntei à moça : “Do you speak English?” ela fez sinal com a cabeça de não. “Kan Du godt tale dansk?” arrisquei, pois na Dinamarca tem muitos imigrantes. Nada. “Sprechen Sie Deutsch?”. Nem pensar. Eu também não falo alemão, nem espanhol, fiz também um ou dois anos quando jovem, mas com o medo que eu tenho de dentista, eu me comunicaria até em japonês. Precisava de alguém que entendesse meu pedido de socorro e segurasse a minha mão. Ou me impedisse de fugir, se necessário fosse. Ok, já desistindo: “Ablas Espanhol?”, e ela, sorrindo me disse: “Não, eu só falo português”. 

Inacreditável, uma intérprete de português e francês, ali, bem ao meu lado! A portuguesa me acompanhou o tempo todo, traduziu tudo e deixou-me muito mais calma. Ofereceu seu número de telefone. Ligou depois no hotel para saber se eu estava melhor. Coincidências da vida. Tenho muitas histórias daquela época. Algumas engraçadas, outras nem tanto. Já furou o pneu do carro em uma estrada no meio do nada, eu sozinha com dois filhos pequenos, voltando de um Akvarium na Dinamarca e quando olhei ao redor estava na porta de uma borracharia, que apesar de fechada, tinha excepcionalmente uma pessoa trabalhando naquele anoitecer no próprio carro... Um dia eu conto a história de quando eu desci um penhasco na Itália por quilômetros e percebi que não tinha saída e nem espaço para virar o carro e voltar...

Sempre encontrei ajuda por onde passei. A gentileza é uma benção, ainda mais assim, quando a pessoa não espera nada em troca, faz com o único objetivo de ajudar um desconhecido. Todos nós podemos fazer isso. Todos nós podemos ser um personagem na vida de alguém. Ser um facilitador, um mensageiro de gentilezas. Por um dia ou por uma vida toda.


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Comentários:

Anônimo disse...
Parabéns pelo texto, Simone.

terça-feira, maio 10, 2011 12:23:00 PM
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 Anônimo disse...
Obrigado pela crônica!

terça-feira, maio 10, 2011 12:23:00 PM
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 Anônimo disse...
Essas suas histórias em outros países são mto interessantes. Mostram que, pro bem ou pro mal, o ser humano é sempre o mesmo, em qualquer lugar.
Abraços.

terça-feira, maio 10, 2011 12:23:00 PM
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 Anônimo disse...
já pensou em que esas atenções e coincidências se devem a senhora e não aos outros?

terça-feira, maio 10, 2011 12:24:00 PM
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 Anônimo disse...
Esse texto me lembrou o filme "A Corrente do Bem"... impressionante , se quisermos, como realmente podemos fazer e acontecer e mudar o mundo... esperando o história do penhasco... rssssssssss

terça-feira, maio 10, 2011 12:24:00 PM
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 Anônimo disse...
Você é ótima!
Nasceu para contar “causos” e eu continuo adorando a maneira como escreve.
Obrigada!
Abraços,

terça-feira, maio 10, 2011 12:24:00 PM
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 Anônimo disse...
Olá Simone!!!
Gosto muito de ler suas histórias de vida, pois além de serem muito interessantes elas nos passam mensagens secretas que talvez nem você tenha se dado conta ainda, ou ao contrário ,nos escreva justamente para nos dizer sutilmente algumas coisas que precisamos ouvir , como essa que acabei de ler onde você sugere que mesmo estando em um lugar onde não conhecemos ninguém , ainda que muitas vezes em apuros sem ninguem para contar é possivel encontrar uma saída . É preciso mesmo coragem para enfrentar o desconhecido e se sair vitoriosa, pois gentileza e solidariedade podemos encontrar em qualquer lugar do mundo. Fica sozinho realmente quem quer ficar.

terça-feira, maio 10, 2011 12:25:00 PM
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 Anônimo disse...
Muito legal.
Gostei

terça-feira, maio 10, 2011 12:25:00 PM
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 Anônimo disse...
Simone, a Humanidade ainda está no azul, no livro do Balanço. Menos mal para o mundo.

Abraço

terça-feira, maio 10, 2011 12:25:00 PM
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 Anônimo disse...
Gentileza gera gentileza, minha amiga. Abracos

terça-feira, maio 10, 2011 12:26:00 PM
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 Anônimo disse...
Oi amiga,
Que bom que voltei a receber teus e-mails.
Sabe, eu não respondo pois sou assim mesmo, mas adoro todos.
Quando aparece De Simone, é sempre uma alegria pois sei que virá algo legal entre tantos outros com cálculos, planilhas, solicitações e reclamações. Voce é o meu recreio.

terça-feira, maio 10, 2011 12:26:00 PM
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 Anônimo disse...
Gostei!

terça-feira, maio 10, 2011 12:26:00 PM
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 Anônimo disse...
Olá Simone, gostei. Obrigada.
abç

terça-feira, maio 10, 2011 12:26:00 PM

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A entrevista


Fiquei sem empregada doméstica. Eu não uso o termo auxiliar ou secretária, como manda a “nova moral”. Com todo respeito, alguém que trabalha em domicílio é empregado doméstico. Assim como eu não sou moça, sou uma senhora. Mudar a palavra não é evolução, e sim tratar com respeito e remuneração adequada. Desde que não seja um nome pejorativo, é claro. Enfim, repentinamente sua mãe adoeceu, e ela precisou ser liberada no dia seguinte. Quando pedi que viesse em uma semana para buscar a carteira profissional com a devida baixa, ela ficou desesperada. E se precisasse do documento na segunda-feira? Como visita em hospital não exige mostrar a carteira, imaginei que talvez estivesse saindo porque arrumou outro emprego e não quis comentar. Ganhei despedida com direito a abraços e lágrimas. E vi saindo pela porta uma pessoa que conviveu comigo durante dois anos, seis dias por semana, para talvez nunca mais vê-la, como outras no passado. A vida é assim. Algumas pessoas passam, deixam marcas, nos transformam e depois seguem sua viagem. Depois de um tempo, fica uma sensação morna como anestesia, não é inexistente, mas também não dói mais.

Comecei a maratona de procurar uma substituta. Deixava meu filho na escola, contatei agências e seguia para as paradas de ônibus dentro do condomínio e perguntava para as mulheres se conheciam alguém que estivesse procurando emprego. Eu era entrevistada por elas ali mesmo, na rua. Perguntavam se a casa era grande, se eu tinha filhos, animais, se precisavam passar roupa – a maioria não gosta de passar roupas, eu descobri. Cozinhar, então... Nem mesmo esquentar água, a maioria. Era questionada se tinha faxineira, cozinheira, motorista em casa. Nenhuma perguntou se eu tenho helicóptero ou heliporto, mas desconfio que em breve seja incluído no questionário; assim como se a casa tem elevador e sistema de refrigeração. Uma mais atrevida me perguntou a marca dos produtos de limpeza que uso, e se a geladeira e o telefone são liberados. Todos os olhares focaram na minha resposta. Eu concordei, percebendo que o que antes era considerado uma qualidade minha hoje virou condição “sine qua non”.

Na Itália passei por algo parecido. Quando procurava casa para alugar e dizia que tinha um filho de cinco anos na época, as imobiliárias me informavam que seria difícil encontrar imóvel. Isso porque alugam com o mobiliário e acham que as crianças o destroem. Depois de mais de três meses, encontrei um imóvel vazio e consegui trazer meu container. Aqui, quando digo que tenho dois filhos, percebo no olhar das minhas entrevistadoras que passei do limite. Tenho a impressão que escuto o pensamento de algumas: “Você não acha que um estava de bom tamanho?”. Talvez seja influência chinesa, que entrou com a indústria têxtil e agora conquista a cultura e moral brasileira. Mas não ouso perguntar quantos filhos elas têm. Uma comentou: “Dois filhos, dois cachorros, gatos, é ruim, hein...Vai achar ninguém não”.

E não consegui ninguém ainda, como previu a vidente. Já se passaram quatro anos. Atualmente estou fazendo um curso de pós-graduação em universidade federal para melhorar minhas chances. Chama-se “A Patroa do novo milênio: obrigações”. Dizem que no passado o curso tinha um módulo de direitos também...
O tempo passou. A sociedade evoluiu. Jamais pensei em qualquer pessoa trabalhando na minha casa e sendo tratada sem respeito. A mulher conquistou seu espaço e aprendeu a valorizar as atividades do lar, que não são fáceis. Toda mulher sabe que faz, faz e faz e quando vê tudo está por fazer novamente. Mas quem dá conta de uma casa trabalhando das nove da manhã às duas da tarde, como elas querem? Quem de nós trabalha só cinco horas por dia?


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Comentários:

Anônimo disse...
Muito boa, Simone. E, apesar de ter aqui comigo uma que está há dez anos e é de confiança (e isso é o atributo básico, já que tenho dois filhos e dois cachorros...rs), a comida é de matar e a limpeza da casa deixa muito a desejar... Mas, a cada vez que penso em trocar de profissional, me deparo com essa situação: converso com amigas, e a impressão que tenho é a de que nós é que temos de nos adequar a essa nova situação. Hoje um taxista que se recusou a me trazer, dizendo:"Ah, não, pra lá está tudo engarrafado. Vou, não". E eu: "Ah, moço, me desculpe. Deixe o cartãozinho da sua cooperativa, que qdo eu estiver indo pro lado que o senhor quer, eu ligo"...
É mole?

domingo, maio 08, 2011 5:44:00 PM
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 Anônimo disse...
Totalmente pertinente o seu desabafo!!!
quando não acontece o pior...ser colocada na justiça utilizando completa má fé!! levamos um susto, pois o inimigo estava infiltrado em nosso refúgio e intimidade!

bjo

domingo, maio 08, 2011 5:44:00 PM
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 Anônimo disse...
É... Simone conheço de perto essa "charla" tão bem desenvolvida por você! Não tenho "secretária" nem "doméstica" em casa, a não ser a faxineira, que vem uma vez por semana. E vou me virando da melhor maneira possível! Para nós, que gostamos de escrever, às vezes, o silêncio compensa a falta da ajudante. E melhor que isso, só mesmo amordaçando o telefone, para que o lar se transforme em céu! Gostei a sua crônica. Bjs. Carolina

domingo, maio 08, 2011 5:44:00 PM
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 Anônimo disse...
Simone..amei esta...você escreve como se soubesse o que a gente sente...maravilhosa!!!

domingo, maio 08, 2011 5:45:00 PM
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 Anônimo disse...
Não desanime, minha amiga. Não está longe o dia em que vocês terão de usar burkha. Pelo menos, as patroas.

Abraços
Carlos

domingo, maio 08, 2011 5:45:00 PM
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 Anônimo disse...
Bom dia Si

Eu sempre escrevo as mesmas coisas, mas só me resta lhe elogiar, cada linha nova é melhor do que a outra!!!!!! Você me traz muita coisa boa e suas verdades são incontestáveis!!!!

Passei por situações assim e realmente é revoltante!!!

Só o nosso encontro que está difícil hein!!!! Qualquer dia te ligo e vamos te fazer uma visita, talvez seja mais fácil!!!!

domingo, maio 08, 2011 5:45:00 PM
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 Anônimo disse...
Pois é Simone! É assim mesmo, principalmente aqui em Vinhedo. Tem gente que vai buscar empregada em outras cidades e até em outros estados. Boa sorte na busca. Se eu souber de alguém te indico. Beijos, Elsa

domingo, maio 08, 2011 5:46:00 PM
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 Anônimo disse...
Simone,

Você é excelente cronista. Fato 1
Dificuldade em encontrar não só empregados domésticos qualificados como outras profissões igualmente qualificadas... fato 2.
Que eu de-tes-to fazer, fazer e fazer tudo...repetidas vezes... ao longo de um só dia????
Fato estressante 3

rsrsrsrs

domingo, maio 08, 2011 5:46:00 PM
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 Anônimo disse...
Olha que texto de reflexão. Passamos pelos mesmos problemas aqui em casa. Já é uma classe que tem até sindicato. Vai chegar um momento que teremos que trabalhar para elas, dentro da nossa própria casa..
Toninho

domingo, maio 08, 2011 5:47:00 PM
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 Anônimo disse...
Olá, Simone

Em casa sempre tivemos empregada doméstica. Mais por causa da saúde um pouco precária da minha mãe que da nossa condição financeira. Quando visito a minha mãe, nem sei quem vou encontrar lá. Geralmente é uma mesma moça cheia de idas e vindas. Ela já se demitiu, foi demitida nem sei quantas vezes. Some, falta sem avisar, já aconteceu de chegar no dia seguinte e ter outra no lugar dela. Já teve filhos (no plural mesmo), tirou licença, recebeu salário maternidade (chegamos a pensar que ela achava vantajoso, ter filho só pra isso). Quando a empregada é outra, eu nem acho bom porque sei que não vai dar certo. Uns meses atrás, com uma dessas "substitutas", começou a sumir umas coisas. Minha mãe conseguiu flagrar a moça, mas demitiu-a sem mencionar o motivo (que ambas sabiam). Uma vez apareceu uma moça careca, com sotaque, cheia de "atitude", e "é claro" que não foi contratada. Quem vai falar em preconceito nessa situação? Também não tinha referências. Mas eu costumo dizer à minha mãe que empregada doméstica não devia existir. Você servir a uma família, dentro da casa dela, no espaço que é daquela família, mas não é seu... Só aceita ser doméstica quem não tem outra alternativa. Se bem que nas relações trabalhistas é sempre assim, em qualquer profissão. É a lei da oferta e da procura. E se é verdade que hoje em dia as domésticas estão chegando ao trabalho de carro novo, a situação tende a ficar mais difícil. E, na verdade, não se pode culpar ninguem. A última vez que eu precisei de um eletricista, quase tive que implorar. Eles só aceitam trabalhos grandes, nada de consertos, mas eu não sei consertar instalações elétricas. Precisei trocar um portão que o meu cachorro destruiu com xixi, e só consegui um pedreiro apelando para a boa vontade de um conhecido no seu sábado de folga. Agora preciso pintar umas janelas e já estou me inteirando do ofício de pintor. Vou fazer eu mesmo. E eles estão errados? Não sei. A construção civil sempre foi dos piores setores para se trabalhar, mas agora eles estão por cima. E isso é muito bom. Só que eu estou aqui xingando o pintor que vinha anteontem pintar as minhas janelas e não veio.

Abração,

domingo, maio 08, 2011 5:47:00 PM
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 Anônimo disse...
Adorei,Simone! beijo...

domingo, maio 08, 2011 5:47:00 PM
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 Anônimo disse...
HÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁ!!!!!!!MARAVILHOSO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!ADOREI O MESTRADO...VC É UMA LUÍSA F. VERISSIMO!!!!!!

domingo, maio 08, 2011 5:47:00 PM
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 Anônimo disse...
Obrigada pelo envio da crônica abixo e do miniconto. Você escreve muito bem!
Abraços,

domingo, maio 08, 2011 5:48:00 PM

terça-feira, 3 de maio de 2011

Solidão (mini conto)


O vinho caríssimo escorre pela garganta sedenta preparando-o para a próxima degustação.

Do outro lado do bar, a moça pensa:

“- Com esse me deito, estou morrendo de solidão...”

E ele, regozija em pensamentos carnais: “Hoje me deleito, carne nova, sangue fresco!”

Horas depois, ele a deixa desacordada sob os lençóis lilases do seu quarto rosa. Antes de sair, coloca um objeto de sua antiga penteadeira – uma boneca de porcelana – aninhada em seus braços.

Entra no carro, com o vermelho ainda escorrendo pelo queixo.

A ampulheta


Poucas situações me estressam. Conversas laterais não me interessam. Críticas negativas me levam a reflexão. Críticas positivas me deixam em atenção. Todo cuidado é pouco nesta vida moderna em que o relacionamento social ficou ainda mais poluído pelas redes virtuais, troca de e-mails, celulares e imprensa. Nunca houve tanta informação pessoal, coletiva e técnica. Cada um desenvolve seu filtro. Se o Facebook estourou com a falta de anonimato, li outro dia que a novidade é uma rede social onde o anonimato será mantido. Muitas pessoas se privam de dar opiniões quando precisam se identificar. Por outro lado, o comentador invisível e democrático terá a responsabilidade de ser equilibrado e fundamentar-se em fatos verídicos? Respeitará o termo de compromisso que assinará para participar?

A grande vantagem, a meu ver, é que o anonimato oferece um filtro contra o marketing indesejado. Nada me incomoda mais que atender telefonema ou abrir e-mail oferecendo cartão de crédito, conta em banco, ajuda a entidades assistenciais, etc. Sinto-me invadida: entram em minha casa sem me pedir licença! Costumo levar na brincadeira, mas não gosto desse tipo de oferta. Telemarketing é simplesmente uma forma de roubar nosso tempo e atenção. Todo esse burburinho tem um efeito direto na qualidade de nossa vida.

O caos alimenta-se do nosso tempo. Acredito que o maior bem que possuímos na vida é o tempo. Sem ele, nada pode ser feito – ou refeito. Eu fico estressada quando penso em tudo que tenho por fazer e o tempo de que disponho. Desde a programação diária até os planos de vida. Durante o dia me ocupo dos contatos com as editoras, clientes, reuniões, concursos, periódicos, telefonemas, pagamento de contas, alimentação e banho. Sobra a noite para escrever. Muitas vezes, a madrugada. O que me levou a constatar que se escrevo de madrugada, meu dia estará comprometido. Acordo um pouco mais tarde, não tantas horas quanto fiquei acordada, o que deveria me deixar no lucro. Isso não acontece. A qualidade do meu desempenho cai drasticamente nos dias seguintes às noites em que dormi pouco. Fico lenta, penso menos. A única vantagem, e todo escritor concordará comigo, é que o silêncio da madrugada é inspirador.

Cheguei à conclusão de que a rotina oriental é a melhor arma contra a perda de tempo. Dormir e acordar cedo. Seguir uma sequência de atividades. Dividir o tempo em blocos por assunto. Dizer “não” ajuda muito também. Recusar convites e ofertas que consomem o tempo e não trazem nenhum benefício. Assim como selecionar os interessantes e não perdê-los. Vejo como um problema matemático. O tempo não é elástico, se você usar mais a noite, ele reduzirá durante o dia. Para priorizar, precisamos primeiro ter disponibilidade dele. E quando temos mais prioridades que possamos resolver em um dia ou em uma semana? Trabalhar contra o tempo é muito estressante. Gerenciar os grandes projetos requer maestria. Não podemos priorizar sem ferir sentimentos dos que não foram considerados importantes. É necessário muito jogo de cintura.  A prioridade é que nos livremos de tudo que rouba nosso tempo. O ladrão é esperto: ele não leva a carteira, leva uma nota de cada vez. Se não formos atentos, não percebemos até que a carteira esteja vazia. 

Eu entendo algumas pessoas que mudam para uma chácara e se isolam do mundo.  Infelizmente, a maioria de nós não pode se dar a esse luxo e precisa conviver com outras pessoas na sociedade atual que nos expõe e cobra demais. Relacionamentos são difíceis, conflitos inevitáveis e o choque de interesses fazem parte de qualquer relação, seja afetiva ou comercial. Quando me desespero com o tique-taque incessante e as interferências externas, respiro fundo e pego papel e caneta. Não para escrever literatura, mas para listar o que preciso fazer. O meu maior objetivo atual é reservar os sábados e domingos para a família e descanso. Costumo trabalhar nos finais de semana e acredito ser um grande erro. Como uma noite sem dormir rouba a nossa vida no dia seguinte, o final-de-semana sem descanso rouba a nossa produtividade na semana seguinte.

A ampulheta não para, isso é fato. Só resta a nós, mortais, usarmos da melhor forma possível cada grão de areia que desce, com foco, com profundidade, com presença de espírito. Para isso, não adianta pensar na vida como um todo, temos que vencer vinte e quatro horas por vez. Focar no que será feito a cada hora.
É preciso viver cada minuto, sem desperdício. 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Balões coloridos


Um jovem casal teve seu primeiro filho, muito doente, com reduzidas chances de sobreviver. Sabendo de seus dias contados, os dois, de licença do trabalho, dividiram as vinte e quatro horas do dia de forma que ambos ficassem com o bebê e eles - apenas eles -, cuidassem do frágil recém-nascido. Com muita dificuldade para mamar, o anjinho precisava ser alimentado a cada hora do dia e da noite, com apenas alguns poucos mililitros do leite materno que a mãe produzia e cuidadosamente retirava e armazenava, num processo doloroso e demorado, pois o pequenino não tinha forças nem para mamar suas gotas de amor...

Em nenhum momento os pais reclamaram de cansaço. Em nenhum momento brigaram sobre quem teria que trocar a próxima fralda ou dar a próxima mamadeira. Nem discutiram quem se levantaria no meio da noite. Fez-me sentir uma péssima mãe... Fez-me lembrar de todos os momentos em que me sinto irritada com os tantos afazeres que a maternidade nos transfere, os familiares exigem e os amigos esperam.

A história do jovem casal mostrou-me que tudo na vida é passageiro e rapidamente desaparece, em largos passos, se nós não atentarmos a cada segundo e vivê-los intensamente. E que, no final da vida, não adiantará mais ter aprendido essa importante lição, pois o tempo passado é tempo vivido, ou tempo perdido. Não existe meio-termo. Não se vive mais ou menos. Não se arrepende mais ou menos. Ou estamos presentes, inteiros, naquele momento, ou nunca mais poderemos alcançá-lo. E as mães sabem disso melhor que ninguém. Acompanham cada minuto da vida de seus rebentos, choram com eles suas dores, riem com eles suas traquinagens. E cuidam, com todo amor e carinho, nos momentos de doença.

No dia do velório do pequenino menino, os pais não estavam desolados. Estavam tristes, mas tranquilos. Estavam conscientes de que haviam feito o melhor que lhes era possível. Haviam amado cada segundo, cada suspiro, cada lágrima e cada sorriso daquele frágil ser. E soltaram 99 balões coloridos, um para cada dia de vida do pequeno anjo, com quem tiveram o privilégio de conviver naqueles meses. Todos os presentes olharam para o céu, refletindo quanto um momento singelo pode representar se nós o agarrarmos com unhas e dentes.

E - como o passado -, os balões ficaram inacessíveis, desaparecendo no céu azul, num piscar de olhos. Lindos, se forame nunca mais foram vistos. Restou apenas a imagem de um inigualável entardecer, colorido como só a vida pode ser, e balões que representavam cada dia vivido no amor.

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Comentários:

Ricardo Chagas disse...
Belo Blog, Li duas crônicas suas e apreciei muito, especialmente esta.
Se tiver um tempinho tbm dê uma olhadinha no meu blog...
até...

sexta-feira, abril 22, 2011 9:25:00 PM

Paixão fulminante


A Telefonica e eu temos uma velha história de amor. Fomos apresentados há cinco anos, quando retornei ao Brasil. Antes dela, eu era casado com uma companhia americana totalmente eficiente, mantínhamos uma conexão de banda larga de altíssima velocidade e nunca houve nenhuma discussão entre nós.

No caso da nossa querida Telefonica, foi amor à primeira vista. Abracei o plano business do Speedy que me dava segurança de total fidelidade e companheirismo. Não demorou muito para eu perceber que fora enganado. A provedora de internet é bipolar: em um momento funciona, é dócil e fiel, de repente fica nervoso, briga comigo e para de funcionar, desaparecendo sem aviso e deixando meu telefone mudo por dias.

Como é muito vaidosa, ele nunca me procura de volta. Eu tenho que ter a humildade de ligar e pedir para reatarmos. Em represália, ela não atende minhas ligações, deixa-me incontáveis minutos aguardando e depois desliga na minha cara. Passado algum tempo, ela se acalma e marca um encontro em no máximo 48 horas. Muitas vezes demora uma semana para aparecer.

No Carnaval, por exemplo, fiquei sem telefone e internet por três dias.  Disse que fora hospitalizado por causa de uma chuva forte que caiu na estrada. Que bateram em um poste com fios danificados que ficou caído sem socorro. Que suas madeixas se enrolaram aos fios elétricos.  Sei que é mentira, rumores dizem que no carnaval muitos funcionários estavam aproveitando o trio elétrico em Salvador, fantasiados de Batman, com capacete e cinto mil utilidades. 

Depois o telefone voltou descaradamente, ficou na minha casa por dois dias e sumiu novamente sem deixar vestígios. Faz quatro dias que não tenho notícias. Deixei recado, mandei mensagem pelo site, recado pela Anatel e pelo amigo Procon. Quanto mais eu a procuro, mais ela tarda a voltar para mim. Isso não é mais amor, virou uma doentia necessidade minha. Uma obsessão.

No começo, os amigos me avisaram que essa relação seria tumultuada. Impressionados com minha paixão inicial, contaram casos e mais casos. Mas eu não queria enxergar. Dizia que agora seria diferente, ela estava mais madura e havia aprendido com seus erros. E assim eu a presenteava todos os meses com flores verdes chamadas Cifrão, suas favoritas.

Hoje já me conformei com ela não ser nada do que aparenta ser. Ela faz propaganda dizendo que é confiável. Pois sim! Não passa de uma mercenária. Investe em relações que lhe dêem lucro e esquece rapidamente dos relacionamentos com pessoas comuns como eu. Ambiciosa, só quer se encontrar com pessoas importantes e empresários que movimentam grandes quantias de capital.

Assim sendo, tomei uma decisão. Preciso de um novo amor. Não aguento mais ser corno. Procurei uma telefonia móvel que oferece um pacote com 3G, telefone fixo e celular. Eu sempre quis ter uma família grande. O custo é alto, mas pelo menos não vou mais sofrer. Sou homem de uma companheira só e me dói muito ter que trocá-la.

A bem da verdade, eu não a deixei. Ela fez de tudo para que eu a deixasse. É inegável que não tenho valor para ela. Se todos que ela maltrata e faz sofrer tivessem essa atitude, ela aprenderia com a solidão – e falta de flores – que atualmente só perduram as relações éticas, baseadas no respeito e cumplicidade. É a lei da selva. A lei da concorrência. Vencem os melhores, os mais fortes e os mais rápidos. Ela vive no passado, vendo no espelho um rosto que não mais existe, recordando uma fase em que ela tinha poder de sedução inquestionável.

Os tempos mudaram.  O mundo se globalizou. E ela se estagnou. Agora, ou ela se moderniza, ou acabará sozinha. Eu já fiz minha escolha. Não vale a pena insistir em um relacionamento falido como esse. Adeus, minha querida. Que os bons ventos a levem para bem longe de mim.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Falecimento (S)


FIM DA VIDA

I
Tem dias que acordo, assim, com medo da vida. Fecho as cortinas, tiro os sapatos, me visto de silêncio e me alimento de lágrimas.

Desligo o telefone, dispenso a empregada e coloco meu gato para fora. Tento afastar o mundo com as mãos enquanto me cubro com as cobertas.

Dizem que é coisa de poeta. Outros, que é coisa de louco. Como se dor fosse privilégio de alguns. Mas o que vejo quando permito que o mundo entre em minha casa, pela tela falante, causa muito mais dor do que eu já sinto. O mundo está rachando em tsunamis e terremotos. Furacões furiosos devastam o que destruímos antes superficialmente. Vejo crianças com fome, outras trabalhando enquanto sonham que estão brincando de escravos. Escuto mentiras vestidas de promessas. Assisto a comerciais que oferecem sonhos. Vejo, assustado, dragões se alimentando da esperança de inocentes.

Percebo que sou uma sombra projetada na parede, distorcida e fraca. Fecho os olhos e busco desesperadamente, no cinema de minhas memórias, lembranças que sirvam de elixir da vida. Penso no meu jardim, com sua jabuticabeira que enfeita os cabelos com brancas flores, como noiva ao caminho do altar, fecunda e acreditando em seus frutos. Sinto o pelo macio de um cachorro feliz, que abana o rabo somente porque eu cheguei. Escuto a gargalhada de um bebê encantado com uma bexiga que lhe escapa das mãos e vai cambaleando como um bêbado pelo teto da sala. Lembro-me dos aniversários festejados com beijos e abraços.

Onde estarão meus filhos? Onde estarão os amigos? Onde estará a vida? Se eles soubessem que os velhos precisam de tão pouco... Uma visita de cinco minutos é o melhor analgésico. Notícias dos netos que fizeram um passeio nos levam a viagens indescritíveis. Tão pouco para nós. Sei que muito para eles. O mundo dos jovens é outro. Cheio de aventuras. Conquistadores, desbravam o mundo.  Mas ainda não são altruístas o suficiente para dividir com os idosos. Com o tempo, perceberão que tudo passa. Não há tristeza eterna. Nem felicidade.

Olho no calendário e controlo as datas marcadas em vermelho. Nos aniversários eu posso ligar, que os encontro em suas casas. E aguardo ansiosamente o dia dos pais, do meu aniversário e do natal. É tudo que resta do ano para mim. Três dias em que eles aparecem. Três dias em que eu abro minhas cortinas, me visto de terno e gravata, e sento-me na varanda para aguardá-los.

II
Talvez sejam agraciados os que lá chegam. Há poucas semanas, perdemos um amigo de cinquenta e quatro anos que teve um ataque cardíaco após jogar futebol por meia hora. Deixou esposa e duas filhas adultas, além de uma netinha. Semana passada, perdemos uma amiga de apenas trinta e cinco anos. Ela deixou o marido e o filho de quatro anos cuidando da bebezinha recém-nascida de quinze dias. Teve um AVC seis dias após o parto, foi internada em coma e não mais acordou. Morreu feliz por ter tido a menina e completado a família que não pode acompanhar. As fotos da gravidez, ultrassom, escolha do nome, cada momento foi compartilhado com amigos pelo Facebook, inclusive a notícia de sua morte. Quando a morte chega tão perto de nós, refletimos sobre a vida. Cada dia é um mistério. O simples fato de viver é um mistério. Seria prudente se celebrássemos a vida e dedicássemos mais tempo às pessoas que amamos e menos tempo ao mundo das coisas.

Todos que se foram até hoje, foram de mãos vazias. Só nos resta preencher o coração. Agende, se preciso for, uma visita aos familiares e amigos. São os únicos que nos amam independente do que temos ou somos. E, quando partem, não temos como voltar nem um dia para dizer o quanto os amamos, fazer uma visita ou um carinho.


TROVA DE ALONSO ROCHA,
que se foi também há poucas semanas, conhecido como “Príncipe dos Poetas do Pará”:

Sem resposta que conforte,
dúvida imensa me corta:
Qual o segredo da morte?
Fim?Partida?Porto?Porta? 


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Comentários:

Anônimo disse...
Querida, Simone,
Seu texto me tocou profundamente...
Um beijo em seu coração,
N.

quarta-feira, abril 06, 2011 1:10:00 AM
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 Anônimo disse...
Belíssimo texto, Simoninha. Um pouco depressivo, mas muito belo
Para mim, "Poesia alegre" é sempre duvidosa.
Todos os grandes Poetas são tristes
Parabéns

quarta-feira, abril 06, 2011 1:11:00 AM
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 Anônimo disse...
Querida Simone,

Obrigada por partilhar comigo, pequena partícula de bruma, seu maravilhoso oceano de palavras e emoçôes.
Sim a vida é assim, talvez porque os deuses, sedentos da sua glória, apenas derramaram sua luz sobre os poetas, não somente de palavras mas também de sentimentos. Com eles o mundo seria certamente muito melhor!
Se me der permissão vou enviar seu texto ( devidamente identificado ) para a minha Escola e vou levá-lo também para uma associação que ajuda pessoas carenciadas.
Com a infinita ternura da amiga,

Ilda

quarta-feira, abril 06, 2011 8:52:00 AM
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 Anônimo disse...
Muito bom….
Abraços
Rona

quarta-feira, abril 06, 2011 9:00:00 AM
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 Anônimo disse...
Que benção voltar a receber seus emails, Simone... que falta me fez neste período em que fiquei sem conseguir acessá-los daqui, nem de casa...

quarta-feira, abril 06, 2011 9:16:00 AM
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 Giovani Iemini disse...
este belo texto estará no blog do bar do escritor em 30/07/2011.
www.bardoescritor.net

quarta-feira, abril 06, 2011 9:55:00 AM
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 Anônimo disse...
Oi Si, bom dia!!!!!
Que coisa linda essa reflexão....estou aqui no plantão e não deu pra segurar as lágrimas!!!
É a mais pura verdade....o tempo vai e qdo percebemos, não dissemos as pessoas proximas, parentes, amigos o qto os amamos!!
Estamos vivos e ainda há tempo pra não perdemos tempo, não é?
bj
MA

quarta-feira, abril 06, 2011 10:44:00 AM
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 Anônimo disse...
Simone querida, perdi meu pai há oito meses...a dor é tão profunda que nem consigo falar sobre ela. Todos os dias eu tenho lágrimas que não controlo, uma sensação de vazio na alma que não se preenche e essa saudade cruel, saudade do que foi e de tudo o que poderia ter ainda, se meu melhor amigo estivesse comigo. Tentei expressar meu amor por ele enquanto estava vivo, estive ao seu lado até seu último suspiro, mas mesmo assim ficou essa incompletude absurda que a morte nos deixa. Perplexa, vou vivendo e convivendo com essa dor, sem conseguir expressá-la, como esse texto faz. Obrigada!

quarta-feira, abril 06, 2011 10:44:00 AM
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 Anônimo disse...
Obrigado pela lição.
Bjs
Ico

quarta-feira, abril 06, 2011 10:50:00 AM
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 Anônimo disse...
Olá Simone, gostei de seu texto; você escreve muito bem. Não vejo a hora de conhecê-la pessoalmente.

quarta-feira, abril 06, 2011 11:33:00 AM
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 Anônimo disse...
Cara Simone,
Saudações!
Tocou-me profundamente a sua crônica.
Você escreve muito bem e o seu estilo tem tudo a ver com o meu, romântico, lírico ao extremo, pungente, triste..............
Minha mãe costuma dizer que as minhas poesias são muito tristes, mas é porque sou poeta.
Escreva-me sempre, gostei de receber seus textos.

Carinhosamente,
Darly

quarta-feira, abril 06, 2011 11:34:00 AM
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 Anônimo disse...
Olá simone, amei o que escreveste. Não tenho tempo pra ler tudo que me enviam, mas tive a sorte de abrir meus olhos para te ler.
Grata
Gerci

quarta-feira, abril 06, 2011 4:10:00 PM
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 Anônimo disse...
Textos lindos donde escorrem poesias ,como a maioria dos seus textos...Tão doloridos,tão cotidianos,tão reais...Parabéns pelos textos,Coragem pelas perdas...Que Deus possa consolar essa família e seus amigos,beijos,Lis.

quarta-feira, abril 06, 2011 4:11:00 PM
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 Anônimo disse...
Simone:

Obrigada pela crônica, realmente muito bem escrita, com belas comparações e imagens. A abordagem dada ao tema, partindo de uma pessoa jovem como você, revela sua grade sensibilidade.
Abraços,
Wanda.

quarta-feira, abril 06, 2011 4:11:00 PM
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 Anônimo disse...
Simone,
Um belo texto. Valeu pela citação ao nosso Alonso Rocha também.
Felicidades,
Abilio

quarta-feira, abril 06, 2011 4:12:00 PM
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 Anônimo disse...
Que crônica maravilhosa, Simone! Linda, triste e verdadeira...beijo...Henriette

quarta-feira, abril 06, 2011 4:12:00 PM
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 Anônimo disse...
Querida Simone. Sua crônica é absurdamente a mesma que percorre diariamente o curso de nossas artérias e veias, sem coragem de escorrer para fora. Sem tirar nem por, eu a assinaria. Ou melhor, eu não poria "o gato para fora", porque apesar de gostar demais dos bichanos, não tenho agora nenhum!
Ela é fruto daqueles momentos secos,que se sucedem ao pranto derramado e que dolorosamente encharca o nosso travesseiro. Não não é só coisa de poeta ou louco, não (dos quais como se diz, todos temos um
pouco) é por conta da nossa sensibilidade, que a cada intante é ferida pela insensibilidade do mundo que habitamos.
Obrigada por dizer o que eu não disse. Bjs Carolina

quarta-feira, abril 06, 2011 4:13:00 PM
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 Anônimo disse...
Olá simone, amei o que escreveste. Não tenho tempo pra ler tudo que me enviam, mas tive a sorte de abrir meus olhos para te ler.
Grata
Gerci

quarta-feira, abril 06, 2011 4:14:00 PM
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 Anônimo disse...
Na minha opinião, vc é "A" CRONISTA. Parabéns!

Abraços.

quarta-feira, abril 06, 2011 4:15:00 PM
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 Anônimo disse...
Que lindo! Posso publicar no meu blog?
Bj,
Regina

quarta-feira, abril 06, 2011 10:04:00 PM
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 Anônimo disse...
Assim é a vida. Assim é a continuação da vida.
Lindo tudo o que você escreveu.
Luz aos que partem e aos que ficam.
Beijo grande.

quarta-feira, abril 06, 2011 10:04:00 PM